sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Em Alto Mar

Olá!

A indicação de leitura de hoje é só para os fortes, de estômago e também psicologicamente. Quando li a sinopse na Livraria Cultura (amo passar horas lá olhando livros até decidir por levar alguns para casa), não tinha nem idéia o quão forte, trágico e inebriante ele poderia ser. Não só pelos fatos em si, que sozinhos já são intensamente perturbadores, mas pela linguagem usada pelo autor, sem poupar o leitor de nem um detalhezinho sórdido sequer.

Apesar de algumas vezes ter que parar e respirar fundo para continuar lendo, Wilbur Smith mostra-se um exímio contador de aventuras, perseguições e ataques, o que deixa a leitura absolutamente instigante. Não consegui parar de ler, o que agravou severamente minha insônia durante a semana que me debrucei sobre este livro.

A história conta sobre a viúva de Henry Bannock, dono de uma das maiores companhias petrolíferas do globo. Hazel assumiu o lugar do falecido marido no controle da empresa e age com pulso firme, temida e respeitada por todos. Sua filha de 19 anos é uma típica garota norte-americana mimada, porém herdeira de bilhões de dólares, é triplamente mais teimosa e mandona e ainda assim terrivelmente inocente. Em uma viagem pelo Oceano Índico a bordo de um luxuoso Iate, a menina é sequestrada por piratas somalis.

Hazel tem contatos poderosos na Casa Branca e até mesmo pede ajuda ao Presidente, porém a dificuldade de localização da embarcação e as possíveis retaliações políticas de uma invasão em áreas marítimas dominadas pelos piratas deixam-nos em uma situação complicada. Hazel não tem saída a não ser tentar procurar a filha com seus próprios recursos e a Cross Bow, equipe de segurança que há anos é contratada da petrolífera e também a serviços pessoais de confiança de seu marido.

Hector Cross é dono da companhia e já atuou pelo exército norte-americano, sendo forçado a se retirar após uma série de mortes suspeitas em seu comando. Apesar da aparente repugnância e desprezo que Hazel tem por ele, acreditando tratar-se apenas de um racista sanguinolento, não tem outra alternativa a não ser pedir que façam um plano de resgate minucioso até encontrar Cayla. Na verdade não só ele tem capacidade para isso, como também é provavelmente o único homem louco o suficiente para ajudá-la em terrítório tão hostil.

Hector é astuto e tem grande experiência em terrenos desérticos onde provavelmente Cayla é prisioneira, entre a África e o Oriente Médio. Logo percebe que não estão somente lidando com mercenários em busca de um resgate milionário, mas também extremistas islâmicos sedentos por sangue infiel.

Difícil lídar com um inimigo dessa forma, o que faz o leitor temer pelos fanatismo exagerado que ouvimos falar tão distantemente todos os dias. Consegui me colocar no lugar da refém e de sua mãe, o que particularmente foi algo bem perturbador. Até onde pode ir a maldade do ser humano? Nossos instintos mais primitivos e violentos estão apenas adormercidos? Até que ponto podemos chegar por vingança, religião e um objetivo? Por momentos pensei em desistir da leitura, mas simplesmente é impossível não chegar até o final.

Neste livro, quando menos se espera novas surpresas e detalhes são revelados, estratégias militares serão desenhadas e até quem não entende nada de guerra irá ficar aceso com as batalhas e perseguições, mesmo que em alguns momentos a linguagem fique quase técnica e difícil. A habilidade de Wilbur Smith em transmitir o sentimento de cada personagem e o contexto de cada passagem é incrível e te põe a prova a todo momento.

Se você é forte, digo, muito forte, pode se preparar para essa leitura de tirar o fôlego, de um jeito que um filme se forma na sua cabeça enquanto a história é narrada. Se o roteiro fosse para hollywood, imagino que Hector poderia ser interpretado por Chuck Norris. A Badass indeed.

Boa leitura e até a próxima.

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