sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

A ignorância da generalização



Caros leitores, como vão?

Final de ano chegando e eu aqui sem muita inspiração...mas ai esta semana vi alguns posts no Facebook e resolvi dar uma pequena contribuição para o tema, como sempre. Hoje vou falar um pouco sobre como a generalização e rótulos podem nos cegar, fazer perder até coisas interessantes só pelo fato de não entendermos aquilo direto. Não entendeu nada ainda, né? Eu explico.

O mundo está chato. Chato pra cacete. As redes sociais vieram para que sejamos criaturas interativas e aparece muita coisa bacana, muitas coisas que talvez eu não ficasse sabendo se não visse no Facebook ou no Twitter. Adoro textos de alguns amigos, me surpreendo positivamente com muita gente, mas é claro, também tem muita bobagem e muita gente falando coisas sem noção. A parte boa de tudo isso é que me ajuda inclusive a selecionar minhas companhias na vida não virtual, quando você sai do computador ou do celular e cai em jantares, almoços, bares e afins.

A questão é que vejo muita generalização das pessoas e rótulos de coisas que não me parecem muito saudáveis. Se fechar para o mundo porque você acha que uma pessoa que faz determinada coisa é necessariamente de um jeito não faz muito sentido. Gente que gosta muito de academia (me incluo nisso) não necessariamente só pensa nisso ou faz um culto exagerado ao corpo. Gente que trabalha muito não necessariamente só pensa em dinheiro. Gente que gosta de uma cerveja e um torresminho, não necessariamente ta se lascando pra saúde. Enfim, acho que estamos muito chatos e rotulando todo mundo a toa, perdendo o essencial. Vamos nos conhecer mais a fundo, e ai quem sabe tirar nossas conclusões.

Não adianta generalizar as coisas. Assim você se aliena ainda mais. Eu odeio Big Brother por exemplo, mas gente que assiste não necessariamente é um completo idiota rs... outro dia me contaram que uma das pessoas mais inteligentes que essa pessoa conhecia adorava assistir o programa pelo simples fato de que o dia dele já era tão cheio de problemas que quando ele chegava em casa gostava de não pensar em absolutamente nada. E o que melhor para pensar em nada que um programa sobre o nada? Faz sentido.

O negócio de falar mal de quem faz academia inclusive me fere diretamente. Veja só, tem um milhão de pessoas que só pensam nisso e fazem realmente um culto exagerado ao corpo e esquecem que, assim como o resto, o cérebro também deve ser exercitado. Mas o fato de eu querer estar em dia com meu corpo, me preocupar com a minha saúde e fazer questão de manter hábitos saudáveis e rotinas de treino, não me faz uma acéfala. A diferença é que eu gosto tanto de mim, que além de querer ter cultura, conhecimento e coisas a agregar, procuro fazer com que a embalagem de tudo isso também esteja de acordo. E qual o problema disso? Olhar pra quem faz isso e de cara dizer que não se pode conciliar as duas coisas me cheira a recalque.

As aparências não querem dizer nada sobre ninguém...

Odeio qualquer tipo de generalização porque elas são burras, excluem fatos importantes e assumem que tudo é ceteris paribus, ou seja, constante. Não é bem por ai. Nem todo jornalista é parcial, nem toda mídia serve para alienar, nem todo padre é santo, nem todo homem mente, nem toda mulher é romântica, enfim, tudo é muito subjetivo e você só vai conseguir saber como a pessoa é, se lhe der chances de mostrar as suas facetas. E digo isso no plural porque podemos ser diversos em um só, aliás isso só deixa tudo mais interessante!

Gostar de uma música A ou B não te faz menos ou mais inteligente. Depende da hora, do lugar, das companhias e do que você busca. Música clássica no bar? Não rola. Saber ou não de artes, também não te faz melhor ou pior que ninguém. Me irrita gente que quer o tempo todo se vangloriar de algumas culturas adquiridas que as vezes são até superficiais. Mas novamente, não se deve rotular ninguém com base em informações vagas.

Inclusive, acho que saber se comportar ou lidar com pessoas de todos os tipos é muito importante pra nossa vida. Tem pessoas que são incríveis companheiras de bar, mas dificilmente te acompanhariam numa vernissage de apresentação de um novo artista plástico. Tem gente que é super inteligente e pode te agregar muito naquilo que sabe, mas não vai te acompanhar nas festas no final de semana. Ter só gente igual a você no seu círculo de amizades também não vai ajudar grandes coisas. O bacana é a diversidade, é a mistura...isso vai te fazer inclusive um ser humano mais completo, que vai saber se posicionar e se comunicar bem com qualquer tipo de pessoa, em qualquer lugar.


A conclusão da matéria de hoje é simples. Se deixem levar. Se deixem surpreender. Aprendam um pouco com o que as pessoas estão dizendo, mesmo que por um momento pareça que não faz sentido algum. Olhe um pouco além dos esteriótipos e aproveite o que há por trás dos rótulos.

Um excelente 2014 pra vocês leitores!!

Até a próxima.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Pela liberação dos sem-religião

Queridos leitores! Hoje vim falar de um assunto um tanto quanto polêmico. A maior parte das pessoas que me pergunta qual religião eu sigo se surpreende com a resposta de que não tenho nenhuma. E por que deveria ter?

Eu sou uma pessoa que acredita em várias coisas, mas também não acredito em outras tantas. Sou bastante cética e geralmente tento racionalizar quase tudo, o que às vezes pode ser um erro, mas foi a forma que escolhi de viver. A questão prática deste tema pra mim é que a religião é uma forma de doutrinar as pessoas de acordo com os moldes que são requeridos, e eu não gosto de absolutamente nada que me prenda ou que me dite regras do que fazer ou não fazer. Se fosse só por conceitos de ética e moral, um pouco de bom senso e uma boa criação de pai e mãe seriam já suficientes. O que me incomoda é estar preso a alguns conceitos de vida, sendo que durante toda nossa existência continuamos a aprender coisas novas, todos os dias. Por que dizer então que sou católica ou evangélica ou budista ou judia ou qualquer outra coisa? Cada uma destas tem o que se aproveitar, porém muito também o que se jogar fora. Eu prefiro adotar tudo que acho válido e praticá-los, do que pertencer somente a uma linha de pensamento e levar a ferro e a fogo.

As histórias geralmente são muito bonitinhas, do amor ao próximo e do que se deve fazer para buscar o paraíso. Essa é outra que não me pega. Qual seria o sentido de viver aqui temente a Deus para depois aproveitar as maravilhas de um paraíso? Vou te contar, paraíso e inferno estão bem aqui. Assim como ninguém é 100% bom ou mau, também não existe um lugar ou uma vida totalmente sem percalços. Além disso, também não concordo com frequentar templos e igrejas para poder sentir-se bem e em cumprimento de tuas obrigações. Se Deus é onipresente, porque preciso ir até algum lugar para poder falar com Ele? Na verdade, na minha visão, falar com Deus é olhar pra dentro, é enxergar além de si próprio e conseguir julgar se seus atos estão de acordo com os conceitos que acredita.  

De nada adianta subjugar-se a este Deus sem cumprir com as obrigações mais simplórias aqui na Terra. Acredito muito em troca de energia, que justifica algumas coisas como, por exemplo, aquele colega de trabalho que é super pessimista e acaba não atraindo nada de bom para ele ou à sua volta.  Ou ainda, quando você é cercado de amigos que lhe querem bem, o quanto isso te renova. Acredito que fazer o bem, e este conceito é bastante amplo, é o que vai também te trazer coisas boas e serenidade. Acho muito difícil alguém que faz mais mal do que bem aos outros, dormir totalmente tranquilo. Como sabem, de nada adianta ir à missa no domingo e passar uma semana inteira maltratando os outros. De nada adianta pregar valores bíblicos e não conseguir ser digna deste mesmo tratamento.

Desde criança sempre gostei de tudo que era místico. Já fui a umbanda, cartomantes, joguei búzios, li mapas astrais, assisti cerimoniais luteranos, tomei passe no centro espírita, fui pesquisar a origem do catolicismo, me identifiquei com a Wicca e também estudei teologia. Tudo isso me provou que todas elas têm algo a nos acrescentar e podem inspirar bastante. O que me deixa revoltada (mesmo) é a demonização de alguma delas por outra e, ainda pior, o fanatismo. Quer me irritar é gente tocando a campainha de manhã para trazer a palavra de Deus para dentro da minha casa. Esse povo não tem mais o que fazer não? Melhor passar esse tempo fazendo algum tipo de caridade do que tentando catequizar desconhecidos. Não vou nem entrar no mérito dos canais evangélicos, seus dízimos e outras aberrações, pois isso é a prova de que a religião pode ser usada de forma errônea, enriquecendo os fundadores e deixando os seguidores ainda mais alienados.

Se for pesquisar na história as atrocidades cometidas em nome de Deus ou uma religião, vai achar inúmeros atos de envergonhar a história da humanidade. Não se pode levar nada tão a sério a ponto de matar e morrer por tal. Os conceitos são só nossos e só nós sabemos o que nos faz bem ou não. Não tenho nada contra quem é religioso e pratica aquilo por sentir-se realizado, mas o meu ponto aqui é que religião nada mais é do que um rótulo de alguém que quer sentir-se bem quisto por estar sob determinada doutrina. Quando era criança achava legal falar que era católica, pelo fato de ter aprendido na escola de freiras (que frequentei até os 8 anos), que isso era coisa de gente que queria ser boa. Pois é, foram as mesmas freiras que próximo ao Natal me contaram que Papai Noel não existe. Legal é tirar a fantasia de uma criança né? Depois também fui descobrir que alguns pais doavam determinadas quantias à fundação da escola e seus filhos tinham melhor tratamento. Engraçado né? Colocar o terço em volta do pescoço não te faz acima do bem e do mal. Depois quando já era adolescente, entrei numa fase mais rebelde e tinha um excelente professor de história que nos contava sobre as barbaridades que foram feitas pela igreja católica. A partir de então, passei a menosprezar tal religião, mas hoje enxergo nela algumas qualidades. Só não consigo crer que é necessário ter um templo tão luxuoso e cheio de ouro, enquanto pregam o fim da pobreza. A hipocrisia das religiões é o que mais me incomoda. Nessa época comecei a pesquisar por outras religiões, me identificando bastante com aquelas que priorizassem mais a natureza e a boa energia. Hoje sou um mix de tudo que aprendi.

Outra coisa que me incomoda é o fato de conquistas terrenas serem colocadas em nome de Deus. Ora, se você lutou, batalhou e conquistou, esse mérito é todo seu. De nada adianta fazer pedidos se você não levantar e se mexer. Como disse, Deus para mim está dentro de nós, o tempo todo. Ele não é uma figura, ou um ente supremo que castiga e beneficia seres humanos de acordo com as atitudes. Só nós mesmos sabemos do que somos capazes, de nossa história, aquilo de que nos orgulhamos e do que gostaríamos de apagar. Só nós somos capazes de mudar a própria trajetória e de se arrepender de erros e buscar melhorar. Só nós sabemos as dificuldades que passamos e também as coisas boas que aparecem.  Só nós somos capazes de conseguir perdoar verdadeiramente e saber que isso passou ou ainda, que por fora somos uma coisa e por dentro outra. A nossa consciência é o verdadeiro Deus. Preciso dar um nome pra isso? Acredito que não.


Até a próxima!